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Nem tão maravilhosa assim

Conversando com uma amiga alemã sobre celular, o assunto acabou evoluindo para Rio e, consequentenente entramos na pauta violência. Evito fazer propaganda negativa da minha cidade e do meu eterno lar, porém , minha indignação com o caso da médica baleada era evidente demais para ser escondida. Contei a história evitando alguns detalhes mais "macabros" para não assustá-la. Uma coisa leva a outra e já estávamos falando de assalto. Papo vem, papo vai, expliquei que apesar de todos os problemas, ela tinha que vir me visitar. Tentei convencê-la de que é possível ir para o Rio sem que nada aconteça se tomar o devido cuidado. "Tipo o que?" Ela me pergunta "Ah, muito simples... É só não fazer coisas óbvias, como usar o celular no meio da rua, evitar ficar parada em sinais a noite no carro, evitar rua X, entre outros." Após uma longa lista de cuidados citados por mim, a gringa se mostrou em choque. " Usar o celular na rua é um risco óbvio?" Parei e pensei. Respondi que sim apesar de alguns momentos depois ter repensado a minha resposta. Percebi que virou um pensamento "natural". "Não vou sair de casa com o celular na mão para não ser assaltada. É simples!" Já ouvi muitas vezes e me pergunto se estamos tão cegos a ponto de não vermos o quanto esse pensamento é absurdo. Teorias Kantianas à parte. Um senhor junta dinheiro e compra um celular digno de suas horas de trabalho. Portanto, o aparelho é dele. Assim, ele pode usá-lo quando / onde quiser. Pelo menos tem esse direito, certo? Infelizmente, na cidade "maravilhosa" não é assim que tem funcionado. Canso de ouvir casos de homicídios, assaltos, furtos, estupros coletivos e todas as formas de violência sem sequer previsão de melhora. E o pior: muitas vezes, a causa das mortes é um iPhone, um colar, um carro... O problema é ainda maior. Se tais atos se concentrassem apenas em uma parte da cidade, já teríamos meio caminho andado e o combate contra tamanhas injustiças já teria avançado. Porém, o crime tem tomado conta da rotina do carioca em uma proporção desesperadora! É corpo esquertejado em Copacabana, assalto/ sequestro no hospital Souza Aguiar, assalto da Linha Vermelha até o Leblon e Largo do Machado, furto de bicicleta na Lagoa e no centro, roubo dentro do metrô,bala perdida em Piedade e por aí vai. Dados divulgados pela ISP revelam que as áreas mais alarmantes são a Baixada Fluminense e a Região Metropolitana. Também de acordo com números divulgados pela ISP, o número de furtos de rua cresceu 42% em Maio no Estado do Rio em comparação com o ano passado. O número de homicídios, roubos de carro e morte de policiais por intervenção em conflito também aumentou. O pior é que, mesmo depois de tudo isso não vemos avanço na segurança pública. Mesmo a mídia dando mais atenção para devidas partes privilegiadas da cidade, os jornais só noticiam violência! O carioca está cansado de andar com medo e merece devido respeito por parte das autoridades responsáveis. Até quando vamos tolerar essa negligência por parte do Governo do Rio ( e do Brasil também, afinal a violência é um problema federal). Até quando vamos ter que agradecer aliviados por termos chegado sãos e salvos em casa ? Até quando minha mãe vai ter que me esperar para dormir para certificar-se de que eu cheguei bem em casa? Quando poderemos usufruir dos milhares de pontos positivos que a nossa cidade tem a oferecer e, então sentir orgulho ao dizermos que somos cariocas?

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